Desde o distante ano de 1984 eu sou um apaixonado pelo Monza.
Raros eram esses carros onde eu morava, na periferia da cidade de Santo André, no ABC paulista.
O primeiro Monza que me chamou a atenção foi o do dono da farmácia do bairro, conhecido como Waltinho. Ele deixava seu hatch preto, zero, parado em frente da farmácia. Era simplesmente um carro que parava os que passavam pela rua.
Eu trabalhava no boteco que meu pai tinha, e desse modo, conhecia todo mundo do bairro.
Tinha um de nossos fregueses, pouco habitual, que tinha um Chevette GP, que tirou zero. Em 87, esse cara, chamado José, trocou seu Chevette GP praticamente zero (ele era a encarnação do Zé frisinho) por um Monza SL/E dourado, 2 portas, 2.0, interior tabaco, zero km.
O tempo passou, os filhos do Zé saíram de casa, sua esposa faleceu, ele teve um derrame...e esse carro ficou parado.
Durante mais de 10 anos eu fiquei na espreita para comprar aquele carro. Baixissima km e tratado com todo zelo. Mas, quis o destino que aquele carro nunca fosse meu. Nem sei mais se o "Zé do Monza", como o chamavamos lá em casa, ainda esta vivo.
Bom... isso foi para explicar o porque o "Zé", o Monza das fotos abaixo, me chamou a atenção.
Depois do hatch e do sedan 4 portas, desejava fechar a trinca de carrocerias montadas no "Brasil" (ok, o Hugo é venezuelano) para o Monza baseado no Ascona. Desse modo, já há algum tempo, estava atrás de um singelo SL/E 2 portas. Esse era o requisito. Monza SL/E, 2 portas, que fosse entre 85f2 e 90, e de preferência que não fosse prata lunar. Queria um SL/E por tratar-se do modelo mais corrente desse campeão dos anos 80.
Durante todos os dias, durante alguns meses, olhei nos classificados. Colegas e amigos me enviavam algumas sugestões, as quais agradeço aqui (afinal, foi assim que o Hugo veio parar comigo).
Incrível, mas como é difícil encontrar um carro que me chame a anteção, que me pegue pelo coração. Como é difícil achar aquele carro que vc perde o controle e fala: "é meu!".
Parece estranho, mas achar um SL/E bom e sem modificações, e com manual, é bem difícil. Muito...e os preços estão indo para a estratosfera. Carros que estejam absolutamente originais, dentro desse padrão, estão vendendo rapidamente, e por preços nem sempre "pagáveis". Mas mesmo assim, vendem.
Diante disso, virei meus canhões para outro alvo: Classic que fosse mpfi e com painel digital, cambio manual, e preferencialmente 92 ou 93. Impossível. Tem sorte os amigos Lott e Leocastro. Não larguem de suas joias, nunca !!!!!
Eis que tropecei com um anúncio de um Classic 87, já tarde da noite ou madrugada de uma sexta feira, há umas 3 semanas atrás.
Liguei para o cara no sábado de manhã, e sábado a tarde eu já estava com o carro. Sim. Foi aquele carro que me fisgou. Aquele que não me deixou pensar de modo racional. Aquele carro que me fez simplesmente dizer...sim...kkkk
Um pouco sobre o carro
Trata-se de um Monza Classic, como vcs podem ver, com bom nível de originalidade.
Único dono, 67 mil km rodados originais. Não, não se trata de um carro imaculado. Não se trata de uma pérola do Júlio Raridades ou do Reginaldo de Campinas. Não. Mas é um sobrevivente. É um carro que cruzou quase trinta anos com uma saúde impecável, e detalhes surpreendentes para mim.
O carro foi de um advogado, que era autoridade aqui na região. Tirou zero, na cidade de Campinas, na Concessionária Cedros. O carro ficou uns 10 anos parado, e voltou a andar esporadicamente nos ultimos anos, e mais intensivamente nos ultimos meses. O dono se foi para o andar de cima e a família o vendeu. E eu o comprei assim, na sorte.
Então, voltando para a história do outro Monza lá do "Zé do Monza". Esse Monza reúne alguns elementos que eu queria:
- 2 portas
- Classic 87 (já tinha comentado várias vezes com alguns amigos que esse era um carro que me chamava a atenção).
- A cor externa, identica ao do Monza dourado do "Zé do Monza"
- A interna tabaco, muito semelhante ao Monza já citado.
- As condições de preservação interna e externa do carro
- A baixa km
- Os detalhes que foram preservado ao longo dos anos, que postarei em fotos.
E, o nome, tomei emprestado do Zé do Monza. Aquele carro que quis por tantos anos, e nunca pude te-lo, e que teve um fim triste (ele foi roubado e dele não se tem mais notícias) foi o que me inspirou a adotar o "Zé", esse Classic dourado que vocês vão acompanhar por aqui.
Quais são os planos para o carro?
Ao contrário do que fiz nos casos anteriores, não tenho a intenção de voltar para 1987. A intenção aqui é ir mais pelo caminho que seguia o saudoso LCD. O mínimo de intervenção, apenas para corrigir aquilo que esta gritantemente fora do padrão, e preservar o que está lá. Nada de trocar polainas por estarem riscadas. Nada de pintura geral.
O objetivo é deixá-lo como testemunho vivo de como um carro pode passar esses anos em condições dignas.
Depois desta breve introdução, posto abaixo as fotos do anuncio, e uma foto dele com seus novos irmãos.
![Imagem](http://i1294.photobucket.com/albums/b612/evfraga/foto%203%20-%20p_zpsldwfxrfa.jpg)
![Imagem](http://i1294.photobucket.com/albums/b612/evfraga/foto%201-p_zps6ul4uf3k.jpg)
![Imagem](http://i1294.photobucket.com/albums/b612/evfraga/foto%204%20-%20p_zpsx28y6glg.jpg)
![Imagem](http://i1294.photobucket.com/albums/b612/evfraga/foto%202%20-%20p_zpswchspuz0.jpg)
![Imagem](http://i1294.photobucket.com/albums/b612/evfraga/trio%20p_zpsjuzxl923.jpg)