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RIO - Existem paixões fugazes, que duram um carnaval ou uma única tarde, como nosso recente teste com o Mitsubishi Evo X. E há amores da vida inteira, eleitos por uma força maior. É sobre este tipo de vínculo que falaremos aqui, com histórias de homens e seus carros que desafiam o tempo e continuam na ativa, seja no cotidiano ou em longas viagens.
Nicanor de Araújo comprou seu Corcel II verde primavera no dia 23 de janeiro de 1980, na extinta concessionária Ford Brasita. Tirou o carro pelo consórcio da Associação de Engenheiros do Rio de Janeiro e pagou exatos Cr$ 220.634 pela versão Luxo. Está tudo na nota fiscal, cuidadosamente guardada. Antes, tinha um Volkswagen TL 1971.
- Minha primeira opção era um Passat, que custava Cr$ 212 mil. Mas o Corcel 80 acabara de ser lançado e resolvi dar uma olhada. Gostei, paguei a diferença e fiquei com ele - conta o aposentado Nicanor, que aos 83 anos preserva um amor juvenil pelo velho Ford.
O carro permanece como uma fotografia a cores de 30 anos atrás, por manter as mesmas características de quando saiu da concessionária. O motor 1.6 está sempre regulado e com um som gostoso, sem variações - Nicanor não descuida do comando de válvulas lateral e do carburador. Porém, não considera seu carro uma raridade e nunca se interessou em pôr placa preta. É veículo de uso cotidiano, que desfila suave pela Rio-Santos para pescarias de fim de semana em Garatucaia.
- Não penso em vendê-lo. Já me deu muita despesa nesses anos, está bem tratado e é bom de andar. Enquanto estiver assim, vou ficando com ele.
A história de Nicanor é parecida com a do também aposentado Armando Loureiro de Almeida, que comprou seu Chevette 1973 vermelho na Okrasa, antiga agência na rua Siqueira Campos. O modelo acabara de ser lançado e era a aposta da GM para conquistar o nicho com maior volume de vendas, dominado pelo Fusca. Pagou Cr$ 20 mil pelo Chevrolet e pensava em ficar com o carro por cinco anos. Mas aí os laços foram se estreitando, vieram as viagens...
- Cheguei na loja para ver um Corcel, mas aí o vendedor falou para eu dar uma volta no Chevette, novidade na época. Andei e gostei. Já passeei por todo o Mercosul com este carro, e pelo menos uma vez por ano vou a Ribeirão Preto. São 1.600km de estrada para ir e voltar. Viajo sem sustos - diz o orgulhoso Armando, que fez questão de submeter seu Chevrolet ao crivo do Veteran Car Club para obter a placa preta, em 2003. Foi o primeiro Chevette a ostentá-la no país, e hoje é exibido orgulhosamente em encontros de antigos.
O amor também brota na infância, como a relação entre o advogado José Candido Muricy e seu LaSalle 1939. O carro pertenceu ao comendador Levy Gasparian, seu vizinho em Copacabana.
Vez por outra, Zé Paraíba, mecânico que cuidava do sedã negro, levava a gurizada para pescar cocoroca na Lagoa a bordo do LaSalle. Até que, em 1945, o pai de Muricy comprou o carro.
- Eu tinha 11 anos quando meu pai comprou o LaSalle. Aos 14, arranquei o portão da garagem com ele - lembra Muricy, que deu as primeiras voltas dirigindo o carro nas viagens para Friburgo, ainda adolescente. Outros tempos...
- Já se vão 61 anos atrás deste mesmo volante. Fiz muita bobagem com ele, que sempre me perdoou.
Muricy tem outros carros da mesma época que seu LaSalle, belos Cadillac muito bem cuidados. Como se nota, ele, que já presidiu o Veteran Car Club por três mandatos, tem carinho especial pelos modelos mais luxuosos produzidos pela General Motors nos anos 30 e 40.
Na hora de pegar a estrada, o carro que pertenceu a seu pai é o predileto. O LaSalle 1939 já bordejou muito pelo nosso continente, como na viagem até o Cone Sul, quando percorreu um total de 10.700km. Nos anos 90, foi a Buenos Aires rebocando um esportivo MG!
- Já cruzei rios com o LaSalle. Descia, media a profundidade com uma vareta e seguia em frente.
O grande barato dessa turma é curtir seus carros, e não entocá-los em garagens. Todos têm quilometragem compatível com suas idades: o Corcel II já rodou 316 mil quilômetros, o Chevette, 480 mil, e o LaSalle, mais de 600 mil.
- O que sinto por este carro é companheirismo e cumplicidade. Trato bem dele, mas ele tem que me levar onde quero ir - diz Muricy. Seu sedã tem motor 5.1 V8 (125cv), que leva os 1.850kg suavemente em velocidade de cruzeiro entre 110km/h e 120km/h.
Esses homens permanecem fiéis, mesmo que sujeitos aos caprichos de seus bens amados, que não estão livres de enguiços. É assim mesmo, como no verso de Drummond: "amor com amor não se paga".
http://oglobo.globo.com/economia/carroe ... 141789.asp
RIO - Manter um carro moderno por muitos anos é coisa difícil, por conta da atual "obsolescência programada", como bem definiu Muricy. Mas preservá-lo para que dure bastante é possível - e por isso vale seguir os passos destes senhores.
FIDELIDADE: Em todos esses anos, poucos mecânicos mexeram nos carros de Armando e Nicanor. E é o próprio Muricy que põe a mão no LaSalle. Quem conserta deve conhecer o veículo intimamente: facilita a manutenção.
ATENÇÃO: Os três carros têm cadernetas onde estão os registros de revisões, trocas de óleo e reparos de emergência. É uma ótima forma de saber o que foi feito e se programar para as próximas intervenções.
SEM PARANOIA: O carro deve servir ao dono, com conforto. Armando pôs bancos mais confortáveis no Chevette, sem fazer da originalidade uma prisão.
RESPEITO: Cada carro tem seu limite. Abusos levam a um fim breve.
Reportagem Carros antigos (O Glogo 14/07/2010)
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Re: Reportagem Carros antigos (O Glogo 14/07/2010)
Não sei porque, mas, me senti dentro dessa matéria!!!
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Re: Reportagem Carros antigos (O Glogo 14/07/2010)
muito boa a reportagem
isso mostra o cuidado que carro antigos devem ter
um dia quero chegar nesse nivel.
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"Me perguntaram: Pq não compra um carro mais novo?
Respondi: 96 foi o último ano do Monza, não tem mais novo "
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Re: Reportagem Carros antigos (O Glogo 14/07/2010)
Eu também! Me senti imaginando o senhores falando de seus carros e fiquei imaginando como eles realmente são! Muito legalLeocastro escreveu:Não sei porque, mas, me senti dentro dessa matéria!!!

Monza, a relação do homem e a máquina.
Ex: Monza SL/E 1986
Atual: Monza S/R 1988
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Re: Reportagem Carros antigos (O Glogo 14/07/2010)
Eu me identifiquei bastante com a reportagem tbm... afinal sempre tive carro antigo, não tão antigo como os deles, mas antigo tbm...
Fiquei me imaginando daqui 30 anos com a Suprema, um Monza e um Opala na garagem de casa... todos intactos... com muita história pra contar!!!!
:smt020
Fiquei me imaginando daqui 30 anos com a Suprema, um Monza e um Opala na garagem de casa... todos intactos... com muita história pra contar!!!!


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