MONZEIROS.COM

Tomara que eu consiga editar esse primeiro post futuramente, pois tem muita história pra contar.. bem mais do que o tempo que tenho disponível pra tal, no momento.


Pra início de história, vamos partir de onde tudo começou:

Minha saga com este carro começa lá no início do ano, no dia 16 de Fevereiro de 2018, uma Sexta Feira após a semana de Carnaval, quando saí de BH até Campinas, para buscar este carro. Na verdade, pouco mais de uma semana antes disso, quando uns amigos me marcaram no anúncio deste carro, que estava "bombando" no Facebook na ocasião. Se tratava deste Astra SW, GLS, 1995, branco, ruim quase que de tudo que se podia imaginar.

E não me marcaram sem motivo.... amigos próximos sabiam a algum tempo, que eu estava à procura de uma perua ou pickup pequena, preferencialmente ruim de motor e com preço muito abaixo da média, para que eu pudesse ir ajeitando com calma e que um dia iria servir pra me ajudar no trabalho com as peças que produzo. Como sempre mantive uma afinidade por peruas, as raras Astra SW viviam no topo da minha lista e comentários, não só pelo estilo Opel raizzz que eu gosto bastante, mas também pela praticidade destes carros.. e claro, o baixo valor de mercado!

Pois então, não foi por falta de motivos que um monte de gente me motivou a encarar esta bomba. Eu mesmo estava fazendo algumas propostas em anúncios de outros carros que encontrava, mas sem sucesso, e quando o pessoal deste carro em específico aceitou parcialmente meus termos, a oportunidade não foi de deixar passar batido. O preço já era bem baixo, então negociar por menos ainda, não seria fácil.. mas o pagamento em suaves parcelas de 10x sem juros, me agradou bastante!

Inicialmente, isso era tudo que eu tinha de dados e fotos sobre o carro:











Além de várias outras fotos envolvendo um laudo técnico bem detalhado sobre o veículo, que cobria detalhes sobre a existência ou não sinistros, multas, impedimentos, e até mesmo uma inspeção de diversos aspectos sobre a conservação do carro, entre qualidades e defeitos aparentes.. em resumo, muita documentação mesmo, pra que ao menos minha "viagem" não acabasse em dores de cabeça quanto ao passado do carro. Com tudo em mãos, eu sabia exatamente o que estaria levando pra casa, tudo ali, perante a mim, e nada além.

Assim sendo, eu coloquei tudo na ponta do lápis, e topei a viagem de Belo Horizonte a Campinas, de Ônibus, pra ver e possivelmente trazer o Astra.

Eu cheguei em Campinas no dia 17 de Fevereiro, sábado de manhã, e após uma conferência completa do carro, vi que era exatamente o que haviam me passado, e pasme....... mesmo indo com expectativas de ver algo muito muito muito ruim, ainda estava melhor do que eu imaginava! .. Fomos ao cartório, resolvemos toda a papelada.. Tomei um café reforçado, e saí de Campinas com o Astra! .. sentido aaaaa..... Atibaia / SP, precisos 70 km dali.

Mas, por que Atibaia? Eu não sou de BH? .. Por que Atibaia?!?!?! ..

Pois é. Volta a fita....

Eu não disse ali no começo que "estava à procura de uma perua ou pickup pequena, preferencialmente ruim de motor e com preço muito abaixo da média, para que eu pudesse ir ajeitando"? ... Pois é! Este carro era uma perua, com preço muito abaixo da média (R$ 3900,00 pra ser preciso! - Lembrando, em 10x! rs) .... e claaaaaaaaaro! Com o motor ruim, como era de minha preferência, kkkkkk

Então, continuando.. com a questão do motor literalmente rajando, em mente, eu não iria traçar planos de rodar com o carro por 600km, até BH. Ali quando "coloquei tudo na ponta do lápis", eu incluí um possível reboque nas contas. Porém reboques de Campinas a BH me custariam uma fortuna, se bobear mais da metade do valor do carro... então o que eu fiz? Levei o carro até Atibaia, nas margens da rodovia Fernão Dias, sentido a BH. Qual a razão por trás disso? ... simples! .. A todo o tempo, especialmente durante a semana, sobem carretas cegonha da SADA Transportes vazias, sentido Betim / MG, por conta da fábrica da FIAT. Elas descem cheias pra SP, e depois sobem vazias.. todo santo dia. É questão só de parar em um posto de serviço, esperar por uma cegonha passar... e negociar com o carreteiro!

Massssss... planos no papel são lindos. Na prática, bom, envolve um pouco mais de "sofrimento" no meio. Ainda mais quando se tem que rodar 70km num carro de procedência quase zero, e com o motor rajando...



:: Continua :: ... ainda tem muito pra contar, kkk

Este meu conterrâneo tem uns parafusos a menos na cabeça... kkkkkk

500EF escreveu: ↑07 Jun 2018, 14:33 Este meu conterrâneo tem uns parafusos a menos na cabeça... kkkkkk

Algunszes!

Pois bem, retomando......

Na "aventura" de sair com o carro de Campinas, e levá-lo até Atibaia (Pra só depois ver o que eu ia arrumar..), tenho antes que levantar o fato de que eu estava ao comando da direção de um carro completamente desconhecido, sem a mínima ideia de se algo havia sido revisado ou não. Inicialmente as impressões foram, na maior parte, boas:

- Direção firme, sem folgas, e com hidráulico muito silencioso.. nada diferente do meu Vectra neste quesito, à parte do volante se "esfarelando", isolado por, acreditem, fita isolante! - Afinal, couro é caro e aquelas capas de volante, são para os fracos! .. e meeeeeeega desalinhado. Não to falando do carro andar torto não, to falando de algum animal ter tirado o volante, e montado-o de volta sem nem ao menos conferir se estava na posição correta: O carro em linha reta, o volante apontava 45º pra um dos lados.

- Freios super justinhos e com boa distribuição, inclusive o freio de mão, que travava com pouco mais de 3 dentes na alavanca. Somado com uma inspeção básica dos discos e pastilhas dianteiros, pelos aros das rodas, eu concluí que ao menos, os freios desse carro estavam revisados e em dia.

- Trambulador cheio de folgas, porém câmbio silencioso em todas as marchas, com engates fáceis e embreagem leve..

- Temperatura de funcionamento do motor, incrivelmente dentro do ideal! Tanto em perímetro urbano quanto ao entrar nas rodovias. Por essa eu não esperava (mesmo!) ..

No geral... estava curtindo o carrinho. Seria uma boa primeira experiência, não fosse o fato de eu ter esquecido meu GPS em casa, e meu Smartphone estar chegando na extrema reserva da bateria, sustentado apenas por um fraco e ineficiente cabo USB do sistema de som que veio no Astra (E que não ajudava em nada a não ser, prolongar a hora que o celular iria apagar de vez). O maior problema disso tudo foi que o GPS do celular estava sem rumo, talvez pela bateria do aparelho fraca... só sei que os primeiros 20 km de "viagem" foram em total escuridão. Eu não sabia pra onde estava indo, nem ao menos se ia na direção correta salve algumas pessoas que estava perguntando por indicações em cada sinal que parava.

Quando meu telefone finalmente pegou uma boa recepção de GPS, e atualizou minha trajetória... PASME! Eu estava indo totalmente fora do curso, sentido a São Paulo / Capital, e não pra cima, sentido Atibaia / Extrema (MG). Estava trafegando pela faixa direita (claro) da Rodovia Anhanguera, à tempo felizmente de pegar o retorno com a SP-083 que ligava depois à Rodovia Dom Pedro I, pra daí chegar a Atibaia.

Nisto, eu já havia rodado 22km "desperdiçados" por ter errado o caminho. Algo imperdoável se tratando do motor estar rajando feito uma pickup velha à Diesel, sabendo-se quanto mais ia aguentar daquele seu último passeio. Ok, cheguei na rodovia de acesso, e faltando 55km até Atibaia ... algo inesperado ocorreu. O carro apagou, simplesmente do nada, como se lhe faltasse combustível - O que era impossível, pois estava de tanque cheio.. Parei ele na beira da estrada, abri o capô .. e dei de cara com o cabo da bateria praticamente sem aperto no terminal positivo. Como isso era possível, se tinha-nos apertado e conferido os cabos antes da saída, junto com as conferências de água e óleo?.. bom, mais adiante eu descobri que o parafuso e porca de trava do terminal estava completamente sem rosca. Foi necessário pegar uma segunda porquinha M8 e colocar no final do parafuso, pra ver se pegava uns míseros fios de rosca que ainda restavam...

Depois de aguardar uns 20 minutos, um carro de serviço da rodovia parou pra auxiliar. Fizemos o enxerto com os cabos que eles tinham, e em meio a alguns "novos efeitos sonoros" vindos do motor rajando, o carro estava lá, "funcionando" de novo, pronto pra tentar chegar até Atibaia!






Quando eu me refiro a "novos sons vindos do motor"...


Lembram que eu disse que ele estava rajando feito motor de pickup velha a Diesel? Pois é, só rajava quando estava por volta dos 2500 rpm, mas agora, depois do breve período desligado.. ele voltou a funcionar, mas com o motor rajando feio até mesmo em marcha lenta. O fim dele estava próximo, bem próximo. Fui andando a 40km/h praticamente que alternando entre faixa da direita e acostamento, por aproximadamente mais 35 km, quando avistei um grande posto Shell, com hotelaria e tudo mais.. parei o carro no posto, mais para checar se ainda haveria mais algo que eu poderia fazer. Lembrando, a todo custo, eu ainda tinha que rodar mais um pouco até chegar em algum posto na Fernão Dias, após Atibaia..




O "cockpit" com direito a fita isolante no volante, e um ineficiente cabo USB pra tentar manter o celular operante...



O C20NE Diesel, nos seus últimos suspiros, marcando não tão saudáveis precisos 249.000 km (nesta foto)..


Bati uma última olhada no Google Maps. De onde eu estava, até descer o trevo da Fernão Dias, faltavam exatamente 20km (E mais alguns até achar o primeiro posto de serviço) .. Olhei para o céu, tempo bem fechado e com jeito de que logo logo começaria a chover. Eram pouco mais de 14:00, quando eu fechei o capô, cruzei os dedos, e pela última vez naquele motor, dei na partida. "Se chegou até aqui, vai chegar até Atibaia!"


Infelizmente tudo que veio depois deste momento, foi tenso de mais pra ser gravado ou fotografado...

Ao sair do posto em que havia estacionado, entrei novamente na Rodovia Dom Pedro I, para os últimos 20km até Atibaia. Motor batendo feio, parecendo que tinha "brita" no cárter, até mesmo na marcha lenta... Saí de fininho, e após mais 15km de estrada, começa a cair um temporal. Felizmente os limpadores do Astra estavam funcionando, pois todo o tráfego resolveu acompanhar o Astra em sua jornada final, de tamanha falta de visibilidade. 40 km/h, no máximo... quando eu vejo a luz de óleo começar a piscar no painel (!) ..

O fim dele estava ali... ou quase! .. Se eu mantivesse a aceleração acima dos 2000 rpm, a luz de óleo apagava.... Cruzei os dedos, e "apertei" o pé no acelerador. "Falta só 5km!!!..." .. e assim foi. Quando finalmente avistei o trevo de Atibaia, fiz o retorno, e desci pra Rodovia Fernão Dias. Exatamente ao chegar à via, o hodômetro marcava 249020 kms ... quando, finalmente... veio o "BUMMMMMMMMM": Se não fossem trovões (Ainda estava chovendo muito), era o motor que havia finalmente aberto o bico. O giro começou a oscilar.. luz de óleo continuamente acesa.. pra manter a mesma velocidade eu tinha que pisar mais, reduzir uma marcha.. uma pequena olhada no retrovisor, uma cortina de fumaça me seguia (Vinda sim, do motor que estava logo à frente dos meus pés) .. Mas eu ainda não avistava nenhum posto de serviço. E o carro ficando fraco.. fraco.. a fumaça havia cessado (Talvez por que não tinha mais nada pra sair de dentro do motor), quando depois de uns poucos km, eu avistei uma placa de "Posto de Serviço", e logo em seguida, um BR com várias carretas e caminhões estacionados. Era ali que o Astra iria se "encostar".

O carro foi praticamente "rolando" pra dentro do posto. Literalmente, no embalo... o motor havia apagado na reta lá atrás, então eu tinha que mirar na primeira vaga que encontrasse pela frente. Ainda estava chovendo muito... água entrando pelas borrachas das portas, especialmente as de trás, mas finalmente, eu tinha chegado ao posto de serviço na Rodovia Fernão Dias. Quando finalmente cheguei a uma parada, em uma vaga de canto próximo ao prédio de administração do posto (sem querer, foi a vaga livre mais próxima que avistei!), tirei a chave da ignição, puxei o freio de estacionamento, e aguardei a chuva passar.



A km após a parada final... !! ele rodou 4km após o motor ter literalmente, desbielado !!


Deveriam ser pouco antes das 15:00 quando cheguei ao posto, e esperei dentro do carro mais uns 25 minutos até que a chuva desse uma trégua ao ponto de que desse pra sair do carro. Juntei minhas coisas, uma blusa de frio, meu celular e carteira, a chave do carro e minha mochila.. e pulei fora do carro.

Primeiro fui a uma das lanchonetes.. eu estava faminto e cansado. Fiz um lanche, depois fui à administração do posto onde expliquei a situação em que o carro ali se encontrava, e quais os planos de como iria levá-lo até Belo Horizonte. Eles foram bastante prestativos no que puderam ajudar, me permitiram usar o telefone pra ligar pra casa, e cederam uma tomada dentro do escritório pra deixar o telefone carregando.

Em quanto isso fiquei por lá conversando com qualquer um que queria trocar um papinho no posto. Acho que naquele fim de tarde eu conheci todo mundo do local... até mesmo por que eu teria que dormir por ali, pois nos fins de semana, não passavam carretas da Sada transporte subindo. O pessoal do posto mesmo me disse que eu teria que agradar Segunda Feira, e eu já havia me conformado com isto. Eu iria dormir dentro do carro ao menos até Domingo na esperança de achar transporte, caso contrário eu pegaria um Ônibus até a primeira rodoviária ali perto, seguiria pra BH, e deixaria o carro no posto.

Foi uma tarde bem longa... e uma noite mais longa ainda, além de fria. Quando o pessoal do posto trocou de turnos, eu já estava dando um cochilo dentro do porta malas enooooooooorme do Astra... mas por volta das 0:00, eu acordei, e quando saí do carro, fui lá na Administração "me apresentar" ao pessoal que estava lá naquele horário. Eles disseram que já estavam cientes da situação, sendo que o senhor que ficaria lá até o turno da manhã me disse que estava de olho em qualquer movimento de caminhão no local, inclusive pra caso eu quisesse pegar uma carona com alguém até mais adiante. Eu fui me deitar de novo, e por volta das 5 da manhã, escuto umas batidinhas no vidro do carro. "Tem uma plataforma aqui subindo pra Lavras vazia!!!!"



.... bahhhhhhhh, eu não acreditei. Na mesma hora eu pulei pra fora do carro e fui lá correndo falar com o motorista do caminhão. Ao menos daria pra deixar o carro um pouco mais próximo de casa! ..

Conversei com o senhor que estava trabalhando naquele horário.. ele tinha trago um carro por seguradora até aquele posto, daí só iria abastecer e subir de volta pra central deles, em Lavras (Meia distancia de Atibaia pra BH). Ele disse que eu poderia ir junto, e depois ainda poderia negociar com o chefe dele o reboque até BH! (Isso ainda no Domingo!!!! .. nada de perder dia de trabalho nisso ai! Ótimo! rs)

Por volta das 8:00 paramos pra tomar um café e esticar as pernas, daí tirei esta última foto durante a "viagem", do Astra em cima da plataforma:




Pouco antes de chegar em Lavras, o caminhoneiro ligou pro chefe dele, e na conversa ele me cobrou R$ 500,00 pra levar o carro até BH. Eu topei de imediato, por inúmeras razões... dentre elas, as de que os caminhões da Sada só levam até Betim, e cobram R$ 300,00. Eu gastaria mais uns R$ 150,00 pra levar o carro de Betim a BH, além de ter que esperar no mínimo o fim do próximo dia.. então eu acertei o transporte nesta mesma plataforma, que levou eu e o Astra, de Atibaia até o portão da minha casa. Cheguei em casa ainda pro almoço, no Domingo, pouco após meio dia!


Bom, depois desse LONGO final de semana, cheio de "aventuras" e muita sorte, eu havia trago o Astra pra casa.. quando comecei a passar um pente fino e levantar tudo que eu precisaria fazer neste carro, pra deixá-lo circulando em plena ordem novamente.

Antes de contar mais detalhes sobre as manutenções e projetos que estou realizando, e tenho planos de realizar neste carro, uma pequena observação: Eu não fiz questão de "poupar" o motor original deste carro, pois eu já tinha outro em casa, pronto para montar no primeiro carro que eu arrumasse. Por isso queria um carro com motor ruim, assim conseguiria um "desconto" legal, e poderia montar a minha mecânica..

Mas se tratando de um carro com 23 anos de uso, 250 mil kms, e bem judiado como este, claro que a única coisa a ser feita, não seria só o motor. É daí que vem os próximos capítulos que eu tentarei descrever e ilustrar, dessa exaustiva jornada...


Até mais!

(Vou ir juntando o material e preparando pra contar em detalhes, nos próximos dias vou atualizando aos poucos do que fiz de Fevereiro até agora! ...)

Nossa! Eu fiquei numa agonia danada só de ler o relato aqui... Imagino só o aperto que você passou...

Que coragem... kkkkkk

Mas ainda bem que no fim tudo deu razoavelmente certo...

Tudo deu razoavelmente certo, pra um carro que estava razoavelmente ok, pra um custo que foi razoavelmente bom,

E para um camarada que é razoavelmente maluco... hahahahaha

Ando meio sem tempo até para os meus brinquedos, mas se precisar de um ajudante que também tem a sanidade mental razoavelmente em dia, é só chamar.

Não se candidate para isso Edu, esse carro é do tipo que se dá a mão, e ele puxa os braços, as pernas.. ... Faz bem à disponibilidade de tempo de qualquer ser humano, passar longe, kkkk

Ele anda que nem um fosso de mão de obra sem fim, não importa se eu coloco 1000 horas de trabalho, ele ainda pede mais e mais. Eu já passei noites a fio mexendo nele, principalmente na mecânica, e atualmente só faltam alguns detalhes de Injeção Eletrônica que requerem bom conhecimento técnico e paciência pra fazer funcionar direito... por alguns motivos qual irei detalhar mais adiante