Após ter restaurado meu ex Monza S/R 88 (para quem tiver curiosidade e ainda não viu o tópico, segue o link: viewtopic.php?f=43&t=16309), a saudade bateu forte, e decidi adotar outro Monza, também S/R, mas desta vez, um do ano/modelo 1989. Já estava com crise de abstinência de ferrugem e coisas velhas. Não teve jeito.
O objetivo desse tópico é, além de proporcionar diversão para quem gosta de ver um carro velho sendo "levantado", é também compartilhar informações sobre esse modelo tão pouco conhecido.
Vamos juntos descobrir as diferenças entre nossos S/Rs e os de "los hermanos".
Um pouco da história do modelo;
Esse modelo carece de referências detalhadas, portanto, quem tiver referências, pode deixar aqui nesse tópico o que souber. Sabemos que o S/R saiu de linha no Brasil em 88, no mês de agosto, dando lugar no mercado para o então fantástico Kadett GS. Embora tenha sido um carro de excelente construção, desempenho e conforto, foi fraco de vendas em toda a sua vida (1985 - 1988).
No entanto, lá em São Caetano do Sul, as linhas ainda produziam os saudosos S/R, numa configuração de conforto não vista aqui no Brasil. Eles continuaram a ser fabricados para exportação para a Venezuela.
Não sei ao certo o acerto entre as duas subsidiárias de Venezuela e Brasil. As peças eram produzidas na Venezuela, exportadas para o Brasil em regime de drawback, o carro era montado e enviado de volta para a Venezuela. Drawback é um regime aduaneiro onde você compra peças ou produtos com isenção de impostos, com o compromisso de produzir algo no Brasil para depois exportar posteriormente. Mas não foi o que aconteceu com um lote de Monzas S/R produzidos em 89. Esse lote foi usado internamente na GM e depois vendido no mercado interno. Deve ter sido um ótimo negócio em 89 ou 90 para quem adquiriu.
Segundo o portal São Francisco (http://www.portalsaofrancisco.com.br/al ... onza-4.php), há uma curiosidade que me fascinou: desse lote de exportação que não deu certo, haviam Monzas Classic com injeção eletrônica, antes mesmo do lançamento do Monza 500EF. Fantástico hein? Quem será que tem um desses nas mãos hoje? Eu particularmente nunca vi ou nem ouvi. A história faz sentido, porque nossos carros não tinham injeção eletrônica porque no Brasil havia, até o fim dos anos 80, a tal da lei de proteção à informática, onde os produtos de informática deveriam ser produzidos no Brasil, e produção de injeção eletrônica sem componentes importados, acho que nem hoje em dia seria possível. Mas pelo drawback, sem problemas... coisas de Brasil.
Abaixo, imagens de catálogo do S/R Venezuelano, gentilmente enviado por amigos Monzeiros.



Um pouco da história desse carro
Na verdade, minha fase com S/R tinha acabado com a venda do 88. Eu estava procurando um Classic 86 ou 87 saia e blusa. Depois de alguma procura, cruzei com esse S/R Venezuela deste tópico.
Tendo sido fabricado em 89, esse carro deve ter prestado seus serviços na GM até 90. No dia 21 de Fevereiro de 90 (Bons tempos!!!), esse carro foi vendido para uma família de São Caetano do Sul, que ficou com o carro até esse mês, quando eu o comprei. Portanto, o carro é único dono.
Dentro dessa família, o carro foi comprado pelo pai da proprietária que me vendeu. Este senhor ficou com o carro de 90 ao ano 2000, quando faleceu. Nos registros de revisão, o carro rodou 10.000km em 3 anos. Creio que, por lógica, deve ter seguido a mesma média até 2000. De 2001 a 2009 esse carro ficou com a filha, que o usou nos tempos de faculdade e início de sua carreira. Em 2009, adquiriu um carro zero, automático, e desde então, esse carro ficou parado, sendo ligado semanalmente para girar o motor e câmbio.
O carro marca 105.000 km. Faz sentido pelo estado do carro (embora ele esteja feio). De 1990 a 2000, o carro deve ter rodado 30.000km na mão do senhor que o comprou. De 2001 a 2009 o carro rodou por volta de 75.000 km na mão da filha, o que da uma média de 9.375km rodados por ano. Um número dentro do razoável. Então, os fatos e os dados levam a crer que a quilometragem do carro é fiel. O funcionamento de motor, câmbio e acessórios de conforto são impecáveis.
Segundo o depoimento da filha, o pai cuidava muito do carro durante o tempo que esteve com ele, e que o atual estado do carro se deve ao fato de que depois de 2000, o carro foi usado e mecanicamente mantido, mas sem aquele capricho com que nós Monzeiros dedicamos aos nossos carros.
O fato é que esse carro, como veremos em fotos a serem postadas, trata-se de uma capsula do tempo. Praticamente nada foi modificado em 22 anos. Tudo está lá, envelhecido ou conservado, inteiro ou quebrado, mas tudo está lá. Embora não seja um carro de garagem, trata-se de um Monza totalmente íntegro de lata, acabamento, mecânica e elétrica.
Abaixo, fotos de onde o carro era mantido. A garagem não era adequada, e embora mantivesse o carro coberto, podemos perceber que ele tomou muito sol e chuva ao longo de 22 anos. A pintura se foi. Foi refeita, e se foi novamente. Não são fotos de boa qualidade, foram tiradas pelo dono e eu as retirei do anúncio




O jogo dos sete erros
Na sequência, vou postar fotos dele já em casa. Já rodei uns 350 a 400 km com o carro. Uma condução muito agradável. Bancos muito confortáveis, carro silencioso.
Nesse momento, a prioridade é passar o carro para meu nome, para depois então submetê-lo a uma revisão mecânica completa, para que eu tenha a confiança necessária no carro para ir sem preocupações nos encontros, ou mesmo para usar o carro quando necessitar.
Com as fotos abaixo, a gente vai saber as diferenças entre os modelos locais e o exportação. E também a gente vai ter idéia do estado de conservação (ou não conservação) desse Monzão.




Aqui, aquilo que falta em todos os S/R 88 ou posteriores, nada de spoilers. Os pinos de ancoragem dos grampos estão lá. Perguntei ao ex proprietário se ele tinha essas peças, mas... o tempo levou. Imagine: isso virou uma tira de plástico jogada no meio da sarjeta, e todos que tem um Monza desse é louco para achar essa peça original...
Ao menos a curva do lado esquerdo está lá. Aerofólio muito danificado. Lanternas em perfeito estado. Tampão em ótimo estado de conservação. Na foto abaixo e três fotos acima dá pra se perceber as primeiras diferenças. Uma óbvia: o carro é automático. A outra nem tanto: não tem desembaçador no vidro traseiro. O adesivo também não mostra S/R 2.0 S, e sim 2.0/S

Tampão seladinho




Surpreendentemente, a tampa das malas é o original. Aqui, eu matei uma curiosidade que tinha e agora compartilho com outros interessados: o cordão que prende o tampão é costurado a um elástico que passa nessa espécie de tubo na parte de cima da tampa na foto. Quando vc baixa a tampa do porta malas, o elástico dentro do tubo puxa o cordão, e ele não fica para fora quado vc fecha o porta malas. Solução simples e interessante.

A instalação do som é a original, embora o rádio não seja o original. Pelas fotos do catálogo, o rádio original parece o Alpine que saiu no Classic, em 90, mas na cor vermelha.
Um presente que ganhei: o carro veio com um aerofólio para troca. Se não é o estado da arte em termos de conservação, é uma peça esteticamente muito boa. Ela apresenta fissuras em pontos não visíveis quando instalada. O lance agora é vedar esses pontos de fissura para não entrar água e destruir a estrutura interna.



Os frisos vermelhos, nenhum mais presta, sejam os dos frisos, sejam os dos para-choques. E olhe aí uma plaquinha do SL/E onde não deveria estar...Também podemos ver a ausência do spoiler no lado direito


Aqui, faltando as calotinhas do cubo, e capas de parafusos. Outro item do jogo dos sete (acho que são muito mais) erros: a roda do S/R é diferente da do brasileiro. Curiosamente, se vcs observarem o catálogo postado anteriormente, poderão ver a que na Venezuela se usava a mesma roda no Classic.
O lance das rodas é sempre uma polêmica. Tem gente que acha essa roda feia e a roda do nacional bonita, e vice versa. Particularmente, eu acho essa mais bonita, embora não tão esportiva. Ela se assemelha a rodas de Mercedes de sua época e início dos anos 90. Eu a acho mais harmoniosa. No entanto, a roda do S/R brasileiro é a mesma da do Ascona e do Cavalier. Então, esse lance dá uma boa dose de conversa na mesa de um bar...


O carro sofreu uma encostada na frente, quebrando a lanterna esquerda, milha esquerdo, grade, e entortando o para-choque.

Esses bracinhos do limpador não devem ter visto cera na vida...

Na próxima, vou postar mais fotos exteriores, de detalhes, e da parte interna do carro.
Abraços e espero que gostem.
Evandro